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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quem caiu do caminhão?

Existiu um vilarejo de nome Santo Antonio, sendo município da cidade de Conceição do Araguaia, depois com a emancipação da cidade de Redenção no estado do Pará, o vilarejo passou a esta última comarca pertencer. Comunidade formada por não mais que 20 casas próximas, não inclusas as mais distantes em meio às pequenas posses. Seus moradores, humildes agricultores e pecuaristas, carentes de uma educadora para seus filhos, criaram um movimento em que conquistaram o direito de uma escola municipal no vilarejo, da qual minha mãe, Dona Rita veio a ser educadora. Sendo seus moradores humildes, buscavam seu sustento através da venda de cereais e animais domésticos, mas com o assédio dos madeireiros cederam ao pecado de vender algumas árvores por valores tão pífios que os forçava a explorar mais a extração de madeiras para compensar a viagem. Existiu também outro vilarejo de nome Vila Pau D`arco pouco mais desenvolvida, distando em torno de dezoito quilômetros de Santo Antonio, nesta vila se concentravam mais pessoas que gozavam de uma infra-estrutura pouco melhor daquela região, pelo menos eles tinham água encanada e luz elétrica a motor, vários bares, pequenas quitandas, beneficiadoras de arroz e algumas serrarias. O povo de Santo Antonio, quando precisava comprar algo que não tinha na única quitanda do vilarejo, recorria a Vila Pau D`arco, quando esta não era suficiente, recorria a cidade de Redenção cidade grande diante das pequenas vilas! Tinha até hospitais e bons médicos! Os nativos e moradores de Santo Antonio tinham o hábito de andar de carona, e para não andarem à pé qualquer veículo que passasse pela estrada servia como transporte. Lembro-me das caminhonetes C-10, D-10, veraneios, rural e os caminhões madeireiros. foi numa destas caronas quando de minha infância que presenciei uma cena muito engraçada. Certo homem que gostava da "branquinha" bebida destilada hoje patenteada como cachaça, embriagado "já pra lá do mais pra cá" resolveu pedir carona enquanto tentava manter-se caminhando na estrada. Os caminhoneiros e demais motoristas de outros veículos eram sempre muito gentis, quase sempre paravam para dar caronas. E o moço subiu em um destes caminhões, orientado pelo motorista segurava ao gigante da carroceria própria para o transporte de toras, e o caminhão seguia sua viagem, quando alguém quisesse descer teria que gritar ao motorista para que parasse, é certo que era perigoso mas era divertido! As estradas não eram das melhores, eram como trilhas, portanto não se podia correr muito, mas... o bêbado insistia em se segurar ao gigante... até que num dado momento ao tentar cuidar de seu bornal contendo objetos entre eles sua inseparável garrafa da branquinha, soltou as mãos do gigante, se atrapalhou todo e deixou cair o bornal, foi aquela barulheira: pára, pára, pára seu motorista! Alguém muito importante caiu. O motorista preocupado em ter acontecido o pior, perguntou: QUEM CAIU DO CAMINHÃO? Ao que o bêbado respondeu: caiu a minha branquinha seu moço! E o motorista preocupado resolveu perguntar: mas quem é branquinha, sua esposa? Ao que respondeu o bêbado: Não seu moço, branquinha é minha inseparável ouvinte e amiga, a cachaça em quem invisto para afogar as mágoas. Foi o suficiente para disparar uma crise de risos nos demais caroneiros. O motorista seguiu viagem recomendando aos sóbrios que segurassem o bêbado, alguém dos sóbrios aconselhou ao bêbado a perdoar em vez de alimentar as mágoas. E eu era um dos sóbrios é claro. rsrsrs Aprendi três lições importantes naquela ocasião: oferecer ajuda, proteger e aconselhar.

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