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domingo, 31 de março de 2013

A morte do grão de arroz

Não sou especialista no assunto agricultura, apesar de ter vivido minha infância em uma região em que tais atividades eram comuns, aliás representava maioria expressiva como fonte de sustento das famílias humildes diante de seu pouco contato com a cidade grande. Lembro-me da época do plantio do arroz, o pessoal começava a plantar por volta do mês de outubro e novembro, e dada a limitação do poder econômico ainda era possível encontrar pequenos agricultores, mesmo que em reduzido número, que não tinham a boa e velha "matraca" equipamento em que os agricultores alimentavam os grãos de arroz em casca num pequeno reservatório interno e que com o movimento de abertura do bico em contato ao solo, já preparado para o plantio, liberava pequena quantidade de grãos na pequena cova aberta pela matraca.
Passado o dia do plantio, ficávamos aguardando o apontar dos brotos na terra, com o passar dos dias contemplávamos o milagre do crescimento dos pés de arroz. Este processo me leva a refletir na realidade de poucos grãos que após plantados transformam-se em viçosos pés de arroz, que alimentam a esperança dos pequenos agricultores em ter uma colheita farta o bastante para o sustento de todo o ano. Os mais felizes, contam com a sobra para vender e comprar outros Itens necessários para o sustento do lar.
Este processo milenar me leva a refletir no milagre da transformação de uma simples semente em viçosas plantas que geram frutos. Pensar na renúncia providente dos pequenos agricultores que logo após a colheita, separam os melhores grãos para o novo plantio. Em sua humildade eles sabem que é necessário que aqueles grãos sejam plantados à terra, que passem por um processo de morte germinando o que vem a ser em poucos dias uma linda planta.
No evangelho de João, o próprio Jesus faz uso deste processo para representar uma nova vida: Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto (Jo 12.24). A exemplificação de uma nova vida para aqueles dispostos a renunciar costumes, vícios e velhos hábitos, numa conversão ao único caminho que leva à salvação, o próprio Jesus Cristo. O apóstolo Paulo dá sua contribuição a este respeito em sua segunda carta aos Corintios: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2Co 5:17). Vemos um número expressivo de membros de igreja ansiosos por produzir algo grandioso, alguns cobrando dos pastores por que a igreja não cresce, outros criticando o trabalho de voluntários, mas se alistar para o trabalho... bem isto são outros quinhentos. Vemos funcionários de empresas, organizações governamentais e não governamentais fazendo o mesmo, usando de uma "matraca" a detonar seus líderes.
É preciso renunciar a muitas coisas que o mundo oferece para se tornar uma nova criatura, renunciar à própria vida e seguir a Cristo, permitir-se ser transformado tal como o grão de arroz, no propósito de gerar vida e vida em abundância, alimentar aos famintos, ainda que com poucos recursos tal qual àqueles pequenos agricultores. É preciso crer no poder de Deus representado em seu único filho Jesus em transformar vidas.
Talvez este seja um dos desafios deste século, renunciar a uma vida contrária ao que Deus nos ensina, permitir-se ser transformado em nova criatura e andar na contramão de um mundo promíscuo, ainda que tenhamos este mesmo mundo como solo no sentido de plantar a semente, certamente existe nele muitas coisas contrárias ao que nos ensina a palavra de Deus às quais devemos renunciar.
Lembrar principalmente, que Jesus padeceu, morreu, venceu a morte e ressuscitou para nos salvar, nos reconciliando com Deus o Pai.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Deus me deu nova oportunidade, sim!

Meados de 2003, morava em Maringá, trabalhava em uma empresa de médio porte do segmento de alimentação (atualmente uma grande empresa do segmento alimentício), usando uma expressão popular: "dei meu sangue por aquela empresa" ou ainda "me lasquei de trabalhar" estou convicto de que fiz muito bem minha parte contribuindo para o crescimento daquele grupo.
Fui um profissional de confiança, trabalhei intensamente, não tive medo de apresentar minhas idéias, buscar soluções, sendo fiel àqueles que eram meus patrões. Minha vida profissional ia muito bem, apesar dos caras serem meio "mão-de-vaca" sempre que eu pedia aumento me enrolavam, aliás me enrolaram durante sete anos, fala sério!
Por me dedicar maior parte do tempo ao trabalho minha vida pessoal estava decadente, haja visto tinha uma namorada que resolveu ir para Portugal me deixando seus filhos para cuidar enquanto lá estivesse. Na intensão de não perdê-los para as ruas sempre que chegava em casa, faltasse alguém ia procurá-lo. Cai numa enrascada ou "sinuca de bico" e minha vida foi se transformando num tormento contínuo, chegando a ponto de ser ameaçado por usuários de drogas, pequenos traficantes e uma aliciadora de menores, daqueles que se infiltram nas vilas dos bairros das cidades.
Passei várias noites em claro, várias semanas sem dormir direito, o medo passou a ser meu companheiro de todas as noites, o pouco que conseguia dormir o fazia no meu bom e velho monza batido, me faltava coragem para dormir no meu quarto. Como homem, estava fracassado... afundado em dívidas pelas inúmeras ligações internacionais, atordoado entre tantos outros problemas periféricos em consequência de minhas escolhas erradas, um relacionamento conturbado cada vez mais me afastava de Deus, e na condição de afastado não me restava mais esperança.
Certa noite daquele ano, percebendo que minhas forças tinham me abandonado, visivelmente abatido, desnutrido, desanimado, senti grande necessidade de falar com Deus. Orei pedindo uma segunda chance, orei pedindo resgate de Deus, orei pedindo por socorro, orei pedindo uma companheira, alguém com quem pudesse passar bons dias e noites, alguém que entendesse e encontrasse motivo para me amar e que se permitisse ser amada.
Deus me ouviu! E quero que saibam Deus ouve nossas orações, ainda que pensemos que sua resposta ou providência tarde, Ele não tarda, sempre vem e quer o melhor para nós. Alguns dias depois, ao final de uma jornada de trabalho Deus providenciou alguém para ser minha amiga, companheira, namorada, esposa, alguém que me ama e permite ser amada, com quem vivo a quase dez anos.
Deus arrumou a minha vida, seu contato, seu amor, sua misericórdia e providência foi tamanho que consequentemente me converteu em uma nova criatura. Ao final daquele ano de 2003 aguardei o retorno da mãe daquelas crianças de Portugal, entreguei-as a ela, deixei o pouco que construí para trás. Tomei novo rumo em minha vida, Deus me deu uma mulher virtuosa, uma filha amável, um casamento abençoado que a cada ano se fortalece porque buscamos a Deus. Minha conversão se deu ao final de 2004. Janete e eu casamos oficialmente em 2005.
Deus me resgatou, direcionando minha vida a seu caminho, vem me capacitando a cada dia! Sou um homem feliz, Deus me deu mais um filho, muitos irmãos em Cristo, Pastores abençoados a me conduzir. Voltei a estudar, graduei-me recentemente em Teologia, completei seis anos de serviço voluntário na Igreja.
Sou grato a Deus por tudo o que sou, por tudo que ele ainda tem a fazer em minha vida e através dela!

domingo, 17 de março de 2013

Memórias da pobreza

Considerando minha idade de coroa como dizem alguns, ou experiente na opinião de outros, recentemente fiz as contas tirei a prova dos nove e cheguei a conclusão de que morei mais tempo longe de minha mãe. Sai cedo de casa em busca de dois propósitos, o primeiro continuar estudando já que no vilarejo em que minha mãe e eu morávamos a grade curricular não era das mais privilegiadas, o ensino era subsidiado pela prefeitura até a quarta série do atual ensino fundamental, e o segundo era questão de sobrevivência mesmo.
Tive uma infância não muito privilegiada, minha mãe era professora municipal, meu padastro um desocupado que de vez em quando conseguia algumas empreitadas de trabalho braçal, homem inteligente um pouco mais novo que minha mãe, mas não muito dado ao aprendizado escolar, sabia pouco mais que assinar o próprio nome ou ler algumas cartas, o cidadão gostava mesmo era de uma vida regada à festas típicas de vilarejos bem como jogos de azar.
A única renda garantida da casa vinha do salário de funcionária pública municipal de minha mãe, e que não era muito mas nos abençoava para comprar alguns itens da cesta básica, o restante que nos faltava era complementado pelos humildes moradores que sempre lembravam de doar alguma coisa para a única professora do vilarejo.
Diante de nossa condição de pobreza financeira, também fui privilegiado por uma riqueza, a ética moral embasada nos princípios de honestidade e caráter lapidados por alguém que impossibilitada de me dar presentes materiais não poupou esforços em me dar boa educação familiar, sim a mesma que me gerou. Sua atitude, seu jeito de amar e ensinar nas coisas mais simples foi relevante formando pilares sólidos em minha vida, vislumbrei o enobrecimento de um pobre o destacando dos demais ao respeitar e amar o próximo, a partilhar do pouco que tínhamos não somente o que representa gêneros alimentícios mas também os saberes.
Tempos bons, bons tempos em que aprendi dignidade na pobreza que nortearam minha vida até aos dias de hoje, em que mesmo passando alguns momentos privilegiados de grandes farturas visto o que era antes, outros não tanto, sou muito grato a Deus, ao único Deus sobreano que cada vez mais quero aprender de sua palavra buscando estar perto.
Todos os dias repito esta frase em minhas orações: Muito obrigado meu Deus por me amar e resgatar através de seu filho Jesus Cristo!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Pegadinha e trotes

Em algumas empresas é costume do pessoal mais antigo passar um trote nos novatos, geralmente são brincadeiras muito engraçadas, diferente de algumas que até pouco tempo faziam os calouros nas universidades. Ainda bem que nas universidades isto vem mudando para melhor a cada ano, recordo-me ter visto nas ruas de Curitiba jovens pedindo dinheiro nos semáforos e confesso ter achado graça nas brincadeiras. Naquele dia vi meninos todos desajeitados vestidos de menina, já que a intenção era mesmo chamar a atenção, enquanto que as meninas calouras usavam de criatividade com outras brincadeiras. Um gesto simbólico do bom humor que muitas vezes tem faltado no nosso trânsito.
Nas empresas em alguns casos, com a cumplicidade de alguns colegas, destaca-se um ou outro engraçadinho cheio de idéias para passar um bom trote no profissional calouro no grupo. Lembro-me certa vez em que fui trabalhar em um auto-peças, logo que cheguei encontrei um engraçadinho que prontamente me pediu para localizar um "martelo desempenador de vidros". O cara me pediu com um olhar bem sério, mostrando-se apressado em ter em suas mãos tal ferramenta, e eu inocente, resolvi perguntar para alguém que providencialmente o malandro tinha me orientado. Foi muito engraçado, para eles é claro! Eu fiquei em tempo de pegar o primeiro. rsrs
Outra dia ainda naquela empresa de auto-peças, toca o telefone ao que prontamente atendi, o interlocutor me pedia ajuda, queria que olhasse para a calçada e localizasse um carro amarelo, lá fui eu, não encontrando voltei para dar o resultado a quem me pedia ajuda ao telefone: o senhor me desculpe não tem nenhum carro amarelo lá fora. Ao que do outro lado ouvi ao som de gargalhadas: amadureceu!
Bons tempos aqueles, com o passar dos dias também eu alimentava minha imaginação aprontando minhas pegadinhas aos novatos.

terça-feira, 12 de março de 2013

Dito popular: cavalo dado não se olha os dentes

Existem alguns ditos populares que se observados "ao pé da letra" tem uma certa lógica outros não tanto, pensando nisto vou me ater a um bem conhecido "cavalo dado não se olha os dentes". Ao pesquisar no nosso bom e velho "doutor google" percebi várias idéias em torno desta frase, e em sua maioria nos indicam o exercício do bom senso.
Resolvi então debruçar-me em pesquisa e notei citações a respeito de uma obra de nome "O Bode Expiatório" de autoria do Professor Ari Riboldi, dá-nos uma ideia de que tal dito tem origem nos negócios de venda de cavalos, onde o vendedor no exercício de sua astúcia tenta fazer o animal passar por mais novo, na tentativa de obter lucro razoável.
É claro que numa pesquisa amiúde é perceptível a quem conhece do ofício de compra e venda de equinos, a quase inexistência da possibilidade de omitir a verdade, mas... considerando o bom senso, sendo o tal cavalo dado, ao felizardo ganhador cabe agradecer, pelo menos é isto que tenho ouvido desde criança nas rodas de conversas dos mais velhos.
Na prática do nosso dia-a-dia, percebemos algumas "mutretas" malandragens ligadas indiretamente a tal esperteza, principalmente no comércio de compra e venda, quem é mais experiente dá uma ajeitadinha e passa o abacaxi para a frente, como é o caso de veículos de passageiro (carros e motos) ou veículos de carga em sua maioria é o que acontece, o bom e velho "banho de loja" e depois da brevidade da garantia, se é que ela existe, estoura a bomba, papagaios!
Isto posto, me ocorreu lembrar de um episódio onde eu fui o presenteado, certa vez em que resolvi me casar com minha atual esposa e eterna namorada, querendo fugir de alguns amigos com perfil de pretensos "língua solta" curiosos de plantão da cidade, planejamos nosso casamento no sítio, o que incorreu em outro dito popular "matar dois coelhos com uma cajadada" no meu caso foram vários mesmo (rsrs).
Casando no sítio fugi dos amigos inoportunos que certamente iriam me dar um presente qualquer e posteriormente me visitariam cobrando a prenda, é claro que esta regra não se aplica a todos, sempre temos verdadeiros amigos; agradaria a meu sogro que impossibilitado de caminhar dado a seu estado de invalidez não faria uma viagem longa; não gastaríamos uma grana maior do que minha condição para agradar aos curiosos de plantão.
Ao falar de meu plano para um colega de trabalho que queria se promover a meu amigo, a quem vou preservar nome e profissão, chamando-o apenas de José, o cara se prontificou em me emprestar um carro bem maior que o meu para carregar as traias do casamento. O cara me emprestou um carro antigo que certamente não era revisado com frequência, com uma mecânica estranha, considerando que a cada vez que parava no posto para abastecer me obrigava a completar no mínimo um litro de óleo ao motor.
Resultado, viajei mil e quinhentos quilômetros, a festa de casamento foi inesquecível "boa pra lá de metro" e ao devolver o carro emprestado levei-o na oficina para corrigir um pequeno problema de freios, caiu-me a ficha de que tal façanha me custou os olhos da cara! Antes tivesse fretado uma van, teria ficado mais barato, mais seguro e menos cansativo.
Como diria um velho amigo "oh mundão sem porteira!".
A este cavalo, deveria euzinho aqui ter olhado melhor os dentes. (rsrs)

sexta-feira, 8 de março de 2013

O riacho mamuí

Era menino, ainda pequeno fui sendo apresentado aos tios por parte de minha mãe. Aos poucos fui me familiarizando com aqueles mais velhos que juntos somavam dez incluindo minha mãe. Em sua maioria moravam longe distribuídos em três estados da federação. Lembro-me que quando morávamos no interior do estado do Pará, íamos à cidade de Guaraí visitar minha avó Raimunda (in memoriam) e minha tia Isaura, aproveitávamos para dar uma passada no Mamuí, município de Colméia e visitar minha tia Lourdes (in memoriam).
O rancho da tia Lourdes era todo feito de palha extraídas das palmeiras de côco babaçu, desde as paredes ao telhado, sua aparência chamava a atenção por estar distribuído em duas casas interligadas por um pequeno corredor, uma servia de um grande quarto do casal, separado também para as meninas, e uma grande sala de visitas que às noites também se transformava em dormitório para os meninos, demais membros da família bem como aos visitantes acomodados em redes. A outra por sua vez ostentava a cozinha com aquele fogão a lenha feito e polido de barro, a sala de jantar e o paiol para guardar os alimentos. Todos sempre bem cuidados, limpos, curral bem tratado e aquele quintal sempre bem varrido.
Ao amanhecer, tia Lourdes ao comando do fogão preparava o desjejum, café da manhã reforçado, afinal o pessoal do sítio não tem regulagem na comida, privilegiados por uma boa alimentação saudável em sua maioria sem agrotóxicos, acordam cedo para o trabalho braçal. Que cheirinho bom de leite fresco, fervido e aquele café torrado e moído à moda antiga! E os bolos, o milho verde assado, o curau de milho, ai que saudades daquela farofinha!
Bem após o café, tia Lourdes tratava de providenciar o almoço, colhia os legumes ao quintal, jogava grãos de milho ou arroz à atrair as galinhas. Que agilidade! Em poucos minutos ela surpreendia aos frangos e galinhas caipiras, e precavida em não faltar comida matava dois ou três, em pouco tempo fazia a limpeza e preparava aquele saboroso almoço. Enquanto isto tratávamos de colocar os assuntos em dia.
Após o almoço colhíamos bananas, mamão e demais frutas da época garantido o lanche da tarde, íamos ao riacho mamuí um pouco afastado do rancho, coisa de uns dois ou três quilômetros. Suas águas frias correndo por entre as pedras, vez ou outra formando volumes mais profundos onde brincávamos arriscando os saltos e mergulhos. Que tempo bom, perdíamos a hora de voltar, relutávamos em deixar o mamuí, que águas!
Minha tia Lourdes se foi, os meninos cresceram, quase todos se tornaram pais e mães, foram morar longe uns dos outros, poucos retornaram, e o velho mamuí continua lá com suas águas frias esperando alguém a ouvir o canto das águas, a tentar fisgar seus peixes, a brindar o sertão em meio às serras, a contar seus contos.
Presentes de Deus!

quarta-feira, 6 de março de 2013

A lata de leite condensado

Houve uma época em que minha avó foi passar uma temporada com minha mãe, lá pras bandas do interior do estado do Pará, eu tinha sete anos, e neste período as pastagens não estavam muito boas no que resultava a escassez do bom e velho leite de vaca, e minha avó pelo menos ao acordar no amanhecer, tomava um copinho de leite. Pois bem na falta de leite de vaca, a primeira solução seria comprar leite em pó mas na quitanda seu preço não era dos melhores, "custava os olhos da cara", a outra solução seria dissolver o leite condensado que talvez durasse um pouco mais por um pouco menos de preço.
Minha mãe comprou uma lata de leite condensado de uma marca conhecida, fez dois furinhos um menor para respirar e outro um pouco maior para que o leite condensado pudesse sair naturalmente da latinha dissolvendo na água, a vantagem é que já saia adoçado. (rsrs)
Penso que o leitor sabe como é criança, sempre cheia de imaginações, ideias e engenharias (rsrs). Pois bem, notei que minha mãe deixava longe do meu alcance na parte mais alta da prateleira porta-copos fixada à cantoneira de madeira própria para acomodar o filtro e o pote de água. Fiquei curioso com aquela latinha lá em cima, peguei um banquinho conseguindo alcançá-la dei uma boa chupada de leite condensado, com frio na espinha, medo de minha mãe aparecer, ai ai se ela visse a coisa não ficaria boa! Fui repetindo esta travessura até que dona Rita percebesse o rápido esvaziar do conteúdo. Num dado momento fui interrogado pela minha mãe: Sr.Claudio quem mexeu na lata de leite condensado? Ao que respondi: Não sei não senhora, sei que não fui eu.
Dona Rita, professora, fez as contas em seu raciocínio lógico e continuou: Muito bem, moramos em três pessoas nesta casa, agora somos quatro com sua avó, vejamos, eu aqui sua mãe me isento da faceta já que fui eu que dei falta, seu tio (meu padastro) não está em casa nestes dias, sua avó não conseguiria subir em uma cadeira, quem é que sobra? Papagaios, levei uma surra daquelas até confessar minha travessura.
Não contente, eu que ajuntava um dinheirinho resultado de alguns favores que fazia aos colegas preguiçosos, corri na quitanda comprei uma lata de leite condensado "novinha em folha" voltei para casa ao encontrar minha mãe na tentativa de reparar o erro expressei: Olha aqui dona Rita sua lata de leite condensado nova, intacta! Foi aí que o tempo fechou, levei outra surra bem mais reforçada que a primeira e como se não bastasse fui induzido a desfazer a compra.
Velhos tempos, recordações de uma infância paupérrima recheada de uma boa educação relevante para a formação de meu caráter. Tornei-me o homem que sou graças à educação sob os olhos atentos de minha mãe.
Hoje com o "ECA" a sociedade defende uma criação sem correção mais enérgica, pais não podem dar uma "surrinha" nos filhos sob pena de perder a guarda. Não quero fazer apologia a nenhum método de criação, entretanto dizer que minha geração do final dos anos sessenta formou homens e mulheres mais responsáveis, submissos aos pais, mais amigos dos filhos.
Tempos bons, bons tempos que não volta mais!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Greve dos contribuintes: bem que deveríamos.

Frequentemente somos surpreendidos por uma notícia, geralmente veiculada no horário nobre, ou seja à noite quando chegamos em casa no gozo do descanso merecido, ligamos a telinha da TV ou navegamos na internet e (putz) lá vem a bomba! Recordemos algumas delas: O governo resolve aumentar o preço do combustível! Corremos feito loucos ficamos enfileirados durante minutos ou horas na esperança de encontrar combustível com preço velho completar o tanque do nosso possante, para muitos uma segunda família. O sindicato dos bancários resolve entrar em greve por tempo indeterminado! Ai meu Deus, lá se vão horas e horas na fila dos lotéricos na tentativa de pagar as contas, ou quanto recorremos aos famosos caixas eletrônicos limitados por saques simbólicos, se bem que para aqueles que não tem dinheiro iguais a mim não faz muita diferença. O sindicato dos vigilantes resolve entrar em greve! Repare que quase sempre um puxa ao outro e nós ficamos a ver navios já que tanto um como outro fecham os bancos. Papagaios!! O sindicato dos... e por ai vai, é sempre o povo brasileiro que paga o pato. Curioso é que o contribuinte faz malabarismo para cumprir com sua obrigação em recolher os impostos, e pensando nisto me ocorreu defender a ideia de que ultimamente têm-se veiculado notícias do aumento de assaltos a comerciantes, alguns exibem faixas pedindo compreensão dos ladrões, já que a morosidade do sistema inibe o trabalho de policiais sérios, quando não boa parte deles se infiltram nas milícias oferecendo uma proteção forçada, e o governo fingindo que não sabe. Já imaginou se os comerciantes resolvessem organizar uma manifestação de repúdio à falta de segurança? É notório o crescimento de estabelecimentos que se protegem de grades exageradamente deixando o consumidor ou como diria alguns "freguês" do lado de fora a aguardar suas compras, e este por sua vez vulnerável à ação dos bandidos. É claro que mais uma vez pagaríamos a conta de ficar um dia ou outro sem comprar algo, mas até que seria engraçado, ver o grito dos comerciantes: enquanto não tivermos segurança, não pagaremos impostos! E nós demais contribuintes solidários a eles. E o governo com sua comissão de negociadores colocando à frente deles o Leão do imposto de Renda e todo o arsenal de outros impostos que nos assombra a todos. Papagaios!! Acorda Brasil!