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domingo, 17 de março de 2013

Memórias da pobreza

Considerando minha idade de coroa como dizem alguns, ou experiente na opinião de outros, recentemente fiz as contas tirei a prova dos nove e cheguei a conclusão de que morei mais tempo longe de minha mãe. Sai cedo de casa em busca de dois propósitos, o primeiro continuar estudando já que no vilarejo em que minha mãe e eu morávamos a grade curricular não era das mais privilegiadas, o ensino era subsidiado pela prefeitura até a quarta série do atual ensino fundamental, e o segundo era questão de sobrevivência mesmo.
Tive uma infância não muito privilegiada, minha mãe era professora municipal, meu padastro um desocupado que de vez em quando conseguia algumas empreitadas de trabalho braçal, homem inteligente um pouco mais novo que minha mãe, mas não muito dado ao aprendizado escolar, sabia pouco mais que assinar o próprio nome ou ler algumas cartas, o cidadão gostava mesmo era de uma vida regada à festas típicas de vilarejos bem como jogos de azar.
A única renda garantida da casa vinha do salário de funcionária pública municipal de minha mãe, e que não era muito mas nos abençoava para comprar alguns itens da cesta básica, o restante que nos faltava era complementado pelos humildes moradores que sempre lembravam de doar alguma coisa para a única professora do vilarejo.
Diante de nossa condição de pobreza financeira, também fui privilegiado por uma riqueza, a ética moral embasada nos princípios de honestidade e caráter lapidados por alguém que impossibilitada de me dar presentes materiais não poupou esforços em me dar boa educação familiar, sim a mesma que me gerou. Sua atitude, seu jeito de amar e ensinar nas coisas mais simples foi relevante formando pilares sólidos em minha vida, vislumbrei o enobrecimento de um pobre o destacando dos demais ao respeitar e amar o próximo, a partilhar do pouco que tínhamos não somente o que representa gêneros alimentícios mas também os saberes.
Tempos bons, bons tempos em que aprendi dignidade na pobreza que nortearam minha vida até aos dias de hoje, em que mesmo passando alguns momentos privilegiados de grandes farturas visto o que era antes, outros não tanto, sou muito grato a Deus, ao único Deus sobreano que cada vez mais quero aprender de sua palavra buscando estar perto.
Todos os dias repito esta frase em minhas orações: Muito obrigado meu Deus por me amar e resgatar através de seu filho Jesus Cristo!

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